
Nem sempre as relações sociais fluem de maneira pacífica na nossa sociedade. Consumidores que se sentem lesados por instituições, famílias que não conseguem estabelecer o diálogo em seus lares e partem para a separação, empresas que precisam receber pagamentos por serviços prestados que, talvez, tenham sido contratados de maneira impensada pelo devedor. São diversas as situações do dia a dia, em que as pessoas, muitas vezes, consideram necessária a intervenção do Judiciário para solucionar o problema.
Mas, em cada exemplo, será que uma boa conversa
não seria capaz de resolver o conflito, resgatando a cidadania e
fomentando a autocomposição entre as partes?
Com esse objetivo, foi criado, no Brasil, o Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania - Cejusc. Trata-se de uma unidade do
Poder Judiciário especializada em atendimento ao público para a solução
consensual de conflitos e orientação nas matérias relativas à cidadania,
estabelecida no Código de Processo Civil, editado em 2015.
“O conflito não deve ser conduzido pela via da litigância, mas, ao
contrário, deve sempre se orientar rumo à composição, ao diálogo e à
restauração das relações sociais”, considera a juíza Ana Amélia Andrade
Alecrim Câmara, coordenadora dos Cejuscs 1 e 2 do Fórum Regional de
Mangabeira e titular da 6ª Vara Cível da Capital.

O encaminhamento de casos é feito por indicação do juiz – setor
processual – ou por pedido das próprias partes, através do setor
pré-processual. As audiências são realizadas por
mediadores/conciliadores com capacitação técnica, sob a coordenação
acadêmica do professor Pablo Juan Nóbrega, e servidores, todos
orientados pela juíza Ana Amélia.
Nos casos de Família, a média dos últimos três meses nas matérias
processuais foi de 85,89% de acordos, enquanto o pré-processual foi de
78,78%. “Isso é um dado muito satisfatório, que contribui para a
diminuição do passivo, no primeiro cenário, e evita novos processos ao
solucionar o conflito antes da judicialização”, pontuou o juiz Fábio
Leandro, diretor adjunto do Nupemec, que visitou os Cejuscs de
Mangabeira nesta quarta-feira (15).

Já na área Cível, a realidade é diferente, pois a maior parte dos
processos são de grandes empresas. “Enquanto nas audiências de Família a
prioridade é restabelecer o diálogo, tratando-se de questão
humanística; a pessoa jurídica tem natureza impessoal”, ponderou o
coordenador da Fesp. O professor Pablo Juan explicou que a reunião
deveria ter foco em resolver o problema, mas que, muitas vezes, as
partes não vão com abertura para a conciliação. “Estudamos uma forma de
fazer um trabalho com as empresas antes das audiências para modificar
essa postura” acrescentou.
Fesp - Primeira Instituição de Ensino Superior
credenciada pela Escola Superior da Magistratura do TJPB (Portaria nº 15
de 27/11/17, publicada no DJE de 01/12/17) a Fesp realiza o curso de
formação de mediadores e conciliadores judicias, alinhado com o Conselho
Nacional de Justiça, por meio do programa de Extensão da faculdade, com
duração de 100 h (40 h teórico e 60 h prático). “Nos preocupamos muito
com a qualificação dos mediadores e com os requisitos do CNJ”, afirmou o
coordenador da Fesp.
Por Gabriella Guedes
Fonte: TJPB
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