O grande desafio da Justiça brasileira, atualmente, é a
gestão e solução para os mais de 102 milhões de processos que estão
pendentes e tramitando em 90 tribunais do país, de acordo com o
relatório Justiça em Números 2016, do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ). Os operadores do Direito se esforçam para resolver todos os
casos, mas as demandas da sociedade são crescentes.
O acesso à Justiça, por meio do processo digital e da
tecnologia, por exemplo, democratizou o Judiciário e trouxe mais
transparência ao trabalho dos servidores e magistrados. Todavia, a
sociedade segue clamando por respostas mais rápidas e assertivas.
Neste contexto,
gestores e magistrados precisam, mais do que nunca, de aliados capazes
de promover inovação na Justiça. A tecnologia, que há cerca de uma
década gerou uma transformação no Judiciário brasileiro com o processo
digital, agora promove uma nova onda de mudanças com a chegada da
Computação Cognitiva na Justiça.
Inteligência Artificial, Computação Cognitiva, Machine
Learning (aprendizado de máquina) são áreas da ciência que criam novas
oportunidades ao Judiciário. Com a ajuda da Ciência de Dados, que
proporciona uma imensa análise de informações relevantes, os magistrados
podem fazer estudos de caso muito mais detalhados, consultar
jurisprudências de forma rápida e tomar decisões mais assertivas.
A Computação Cognitiva permite que as máquinas aprendam
sobre o dia a dia dos seres humanos e os auxiliem em suas atividades.
Até recentemente, isso tudo parecia coisa de ficção científica:
computadores que aprendem para melhorar o desempenho dos humanos. No
entanto, isso já é realidade, e é importante que as soluções sejam
pensadas olhando os desafios específicos de cada setor da Justiça. Dessa
forma, é possível aplicar a Inteligência Artificial de forma mais
assertiva para os operadores do Direito.
É importante lembrar que a Justiça, tradicionalmente, lida
com grandes volumes de informação que só fazem crescer. Ao mesmo tempo, o
serviço público tem restrições de orçamento para incremento de pessoal.
Ainda temos a sociedade que cobra mais agilidade e transparência. Por
isso, é importante trabalhar a inovação como uma saída para resolver
estes desafios.
Com base nesse cenário, o assunto é tema da discussão
central do Innovation Day Tribunais de Justiça. O evento, voltado para
gestores das Cortes de todo o País, reunirá referências na área da
Computação Cognitiva e da transformação digital, no dia 25 de agosto, no
Sapiens Parque, o Vale do Sicílio brasileiro, em Florianópolis (SC).
Serão apresentadas tendências para promover inovação e a próxima onda de
transformação digital na Justiça. O evento é uma iniciativa conjunta,
sendo que os Tribunais de Justiça de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul,
Amazonas, Ceará e Alagoas são alguns dos nomes que estão à frente da
organização do evento.
O momento é mais que propício à discussão. A Justiça
brasileira precisa preparar-se para um novo salto, uma nova onda de
transformação. É, portanto, necessário fortalecer as discussões para que
os operadores do Direito estejam à frente desta mudança que tornará o
Judiciário muito mais ágil, eficaz e transparente.
Por Marcos Florão, Graduado em Ciências da Computação, com
especialização em Sistemas Web e em Gestão Empresarial pela Fundação Dom
Cabral. Atua na área de tecnologia há mais de vinte anos. É assessor de
Inovação da Softplan, onde conduz os programas de inovação e
empreendedorismo da Unidade de Negócios da Justiça
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