Palavras certas
Devemos aliar o desejo de realização do indivíduo (profissional ou pessoal) à vontade de buscar o objetivo comum, que é a meta. Somente dessa forma o talento de cada indivíduo poderá ser conhecido, melhor aproveitado e multiplicado como fator otimizador de desempenho individual e de grupo.
Devemos aliar o desejo de realização do indivíduo (profissional ou pessoal) à vontade de buscar o objetivo comum, que é a meta. Somente dessa forma o talento de cada indivíduo poderá ser conhecido, melhor aproveitado e multiplicado como fator otimizador de desempenho individual e de grupo.
A maior causa da falência empresarial é a má administração dos conflitos, tanto internos quanto
externos, que geram desagregação interpessoal em todos os níveis e reverberam em todos os
setores da empresa, gerando falência das relações e cortes comerciais, culminando em questões
homéricas com altos custos para os cofres das empresas.
Essas questões levam muito tempo para serem resolvidas, devido à morosidade dos processos, que
seguem formando pilhas no Poder Judiciário, atrasando as relações comerciais de nosso País.
Os conflitos são inerentes à vida em sociedade. A diversidade de necessidades e desejos de cada
indivíduo é enorme, principalmente de poder e de efetividade, o que ocasiona uma escassez de
recursos para satisfazer toda a demanda de anseios coletivos frustrados. Nós humanos, temos
dificuldade de lidar com frustrações, pela cultura paternalista que se perpetua através das gerações
e dos inúmeros ciclos econômicos que vivemos. Todo esse contexto possui incontáveis razões
geradoras de crise pessoais que se estendem nas empresas através de conflitos intermináveis de
grupos e classes sociais.
O processo de Interação Humana está presente em toda organização e é o que mais influi no rumo
das atividades e nos seus resultados. O conflito, em si, não é danoso nem patológico. É uma constante reveladora do nível energético da
Dinâmica Interpessoal do sistema como um todo. Divergências são portas que se abrem para descobertas acerca de nós mesmos e dos outros. A inabilidade de administrar acordos é uma das maiores fontes de disfunção na organização e no grupo.
Na resolução de conflitos, estarão sendo avaliadas crenças, costumes, valores culturais, percepções,
pensamentos e sentimentos, que afetam cada indivíduo ou uma coletividade (empresa ou grupo
social) como um todo, através de sistemas pessoais e interpessoais. Tudo está contido nas misteriosas
propriedades do todo e das partes, de forma simultânea e, nem sempre, as soluções contemplam o
interesse comum de forma certeira ou por conveniência de cada parte. E a nós, como especialistas
em Conciliação, Mediação e Arbitragem, cabe a função de intermediar a resolução de conflitos,
de forma a gerar resultados que satisfaçam as partes com imparcialidade, e restabeleça as relações
truncadas, para que as partes, no ato da Conciliação, readquiram o poder pessoal da harmonia
e integração e, possam seguir negociando, visando o atendimento dos interesses com igualdade,
respeito mútuo e resultados globais satisfatórios.
Cabe a nós convergir interesses opostos conflitantes e transmutá-los, através da Mediação e
Arbitragem, em soluções interligadas e conciliadoras, capazes de dissolver os conflitos através de
percepção, intuição e emoção, tecnologia e humanismo, razão e coração.
O primeiro passo para resolver um conflito consiste em administrar que ele existe, que é preciso
enfrentá-lo. O que exige que as partes parem de agir como o avestruz, que esconde a cabeça na
areia para não ver e não enfrentar a difícil realidade.
O mediador deve ser neutro e gozar de confiança de ambas as partes envolvidas, e se propor a
escutar, acompanhar e apoiar as exposições dos membros em desacordo, sem interferir no mérito
da contenda. Quando bem conduzido, este procedimento transforma a desavença e cria-se um
conjunto de condições que facilitam a dinâmica da confrontação, entre outras: mútua motivação
positiva e equilíbrio relativo de poderes entre as partes, sincronização dos esforços, atmosfera
propícia à auto-exposição durante o diálogo, meios apropriados de comunicação, nível adequado
de tensão.
A motivação positiva de ambas as partes é o principal fator isolado para lidar com o conflito e
resolvê-lo. Não havendo esta motivação, como interesse autêntico por parte de ambos os lados
e compreensão da validade do processo de confrontação, esta pode resultar em agressividade
incontrolável e de desfecho imprevisível.
A questão de poder é bem delicada, principalmente quando a relação de poder é assimétrica e o
Mediador faz de conta que ambas gozam de poder equalizado, a não ser que ambas gozem de
considerável competência interpessoal.
Por mais sofrido que seja, o insight da co-responsabilidade na geração e manutenção de conflito é
fundamental ao êxito do processo de confrontação e resolução de dificuldades internas pessoais
e de grupo.
É imprescindível, eu afirmo, estabelecer o “rapport” (uma espécie de sintonia efetiva que facilita
a comunicação entre as pessoas em determinada ocasião) na entrevista com as partes, para que
o trabalho seja conduzido com sinergia e interação, de forma a neutralizar as tensões oriundas
do conflito, e ir propiciando um ambiente livre das mesmas, em que predomine a condição de
segurança psicológica e de relaxamento. Isso se faz necessário para que se possa dissolver a
inibição das partes, de forma que ocorra a coesão de interesses e a resolução do conflito.
A Câmara de Mediação e Arbitragem do CRA/RS detém a responsabilidade sagrada de proporcionar serviços de qualidade, integridade e ética irrefutável, tanto dentro como fora da sede da mesma. Isto é uma questão de confiança, que motiva nossas atitudes e que eleva nossos serviços no âmbito internacional.
Nossa postura profissional é respaldada pela Lei no 9.307/96 que molda a nova forma de atuar na resolução de conflitos empresariais, quebrando o paradigma ganha/perde do Sistema Judiciário brasileiro, introduzindo um novo conceito, o ganha/ganha.
Ao trabalhar na resolução de conflitos, devemos usar todo o conhecimento que possuímos e altas doses de proficiência, entrega e empatia.
O conflito é a causa de altos níveis de estresse que alteram o comportamento das pessoas, e a causa do conflito é o medo.
Devemos respeitar a autonomia da vontade das partes e usar o amor no nosso trabalho, porque este respeita a dignidade do indivíduo e restaura o amor próprio. As palavras podem ser utilizadas de forma a estimular ou abater o espírito de nossos semelhantes, que buscam em nós, formas de resolver seus conflitos.
Para que seja possível o comum acordo, devemos restabelecer a harmonia, que ocasionará uma mudança postural das partes.
Grandes mestres, como Buda, sempre advertiram para a importância da comunicação entre as partes, que deve ser clara, efetiva, honesta e com reserva, enquanto a crise se desenrola.
A resolução de conflitos empresariais afeta positivamente toda a cadeia produtiva e o desenvolvimento das organizações e da sociedade como um todo. Permanecer em conflito
aumenta o passivo das empresas, porque o ônus da desarmonia afeta progressivamente todo o sistema correlacionado a cada indivíduo ou organização. Seu efeito é como um bumerangue, que vai e volta, afetando a todos de forma devastadora.
No final do processo, cabe ao Mediador fornecer o feedback como ferramenta restauradora da relação conflitiva e instrumento de mudança e crescimento pessoal, interpessoal e profissional.
Por Edite Fernandes da Silva
Fonte: Revista IDEC
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