quinta-feira, 5 de abril de 2018

Preservar os filhos quando os pais se separam: a mediação de conflitos

Pensando nos filhos
Alexandre e Célia foram representados pela mesma advogada para estabelecer a guarda compartilhada da filha, que aparece na foto com o irmão Luigi, por parte de pai | Roberto Moreyra

Toda separação é ruim. O desgaste dos processos judiciais entre casais, as audiências, os conflitos, a carga emocional, tudo afeta o humor e o estado psicológico de quem está envolvido.

Toda separação é ruim. A minha também foi. Doeu o que tinha que doer, e não doeu mais porque, através de uma ação para estabelecer a pensão alimentícia do meu filho, conseguimos mediar as diferenças e entrar em acordo.

Mas e as crianças, como preservá-las em caso de conflito entre os pais? A preocupação, nesse caso, é como manter a rotina delas minimamente alteradas. Miguel, por exemplo, estava trocando de escola, começava a se alfabetizar. O risco de ele sentir a separação dos pais era grande. Mas conseguimos tocar a vidinha dele com a guarda compartilhada, alternando os dias com um e com outro, de modo que preservasse as atividades dele na escola, no clube, nos cursos e com os amigos. 

Criança tem que ser criança, não tem que acompanhar problema de adulto, né?

Conversei com o advogado Luiz Fernando Gevaerd, especialista em Direito de Família e Mediação de Conflitos, sobre como abordar esses problemas em uma relação com filhos. 

Veja o que ele diz:

BLOG PAI PRA TODA OBRA — Quando identificar a necessidade da Mediação de Conflitos na separação do casal?

LUIZ FERNANDO GEVAERD — A mediação de conflitos compreende um conjunto de técnicas de negociação, manejo de objeções e outras técnicas comportamentais para conduzir o casal que se encontra em conflito buscando alcançar uma solução mutuamente aceitável. Sempre, no Estado do Rio de janeiro tonou-se etapa do processo o uso da mediação, buscando reduzir a animosidade entre as partes para se alcançar uma solução rápida e que contemple os interesses da família.


BPPTO — Como preservar os filhos em caso de separação?

GEVAERD — A mediação de conflitos, pelo elevado índice de acordos obtidos, é a alternativa excelente para preservar não apenas as partes, mas também o filho do casal de um litígio muito agressivo e que se prolongue por muito tempo. Existem estudos que demonstram que o conflito de grandes proporções entre os pais causa danos muito severos nos filhos, em qualquer idade, sendo previsível que essas marcas fiquem para sempre.

BPPTO — A mediação de conflitos pressupõe minorar os efeitos da separação nas crianças? Analise.

GEVAERD — Os índices nos Estados Unidos de sucesso no uso da mediação ultrapassam 80%. No Brasil não há estatística oficial, mas a nossa experiência informa que quase 50% dos casais encontram um acordo satisfatório. O importante é que se amplie o uso da mediação e que se torne compulsório nas varas de família, idealmente para que as partes não pudessem recusar a mediação, tendo em vista o ganho social para todos os envolvidos. A mediação é um processo que reduz os custos de um litigio judicial, encurta o prazo para solução final, no máximo seis meses, e o índice de reincidência após a obtenção do acordo é muito pequeno. No Brasil já existem especialistas em mediação que podem ser procurados espontaneamente pelas partes, para qualquer nível de conflito conjugal, seja para prevenir um litígio iminente, seja para dar solução definitiva sobre o problema.

BPPTO — Liste cinco dicas que podem ajudar a conduzir o diálogo com as crianças durante a mediação de conflitos do casal.
GEVAERD — Não envolva as crianças nos assuntos do casal; não faça dos filhos mensageiros de qualquer pedido ao ex-cônjuge; evite com os filhos falar mal do parceiro (a); peça ajuda dos amigos com filhos da mesma idade; busque manter inalterada a rotina das crianças em assuntos do interesse deles.
 
Por Claudio Nogueira 
Fonte: O Globo

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