Alternativa ao Judiciário
O interesse pela arbitragem, que já era crescente no Brasil, aumentou ainda mais em 2015 devido à crise econômica. As câmaras arbitrais têm apresentado um aumento nas consultas e nos casos iniciados. A expectativa é que haja um salto no número de casos, como aconteceu em 2009 devido à crise de 2008 [veja infográfico abaixo].
O interesse pela arbitragem, que já era crescente no Brasil, aumentou ainda mais em 2015 devido à crise econômica. As câmaras arbitrais têm apresentado um aumento nas consultas e nos casos iniciados. A expectativa é que haja um salto no número de casos, como aconteceu em 2009 devido à crise de 2008 [veja infográfico abaixo].
No
Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá
(CAM-CCBC) o número de casos novos este ano já é o mesmo que o total do
ano passado, 91. E a tendência é que cresça ainda mais até dezembro.
"Acreditamos que até o final do ano chegue a 120 procedimentos. Esse
incremento significa que a crise está gerando mais problemas", afirma Carlos Suplicy, presidente da CAM-CCBC.
Outro
dado que mostra a força que arbitragem está ganhando no país é o número
de casos na Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio
Internacional (CCI). Em 2012 o Brasil era o quarto pais que tinha mais
partes envolvidas nos casos da CCI. Hoje é o terceiro, somente atrás da
França e dos Estados Unidos.
Os efeitos da crise na arbitragem,
inclusive, será um dos temas debatidos pela CAM-CCBC durante o II
Congresso Pan-Americano de Arbitragem, que acontece na próxima semana em
São Paulo.
Na Câmara de Arbitragem Empresarial – Brasil
(Camarb), o número de casos novos não teve alteração. No entanto, o
secretário geral da câmara, Felipe Moraes, explica que os efeitos da crise são perceptíveis devido à busca por consultas. Ele estima um crescimento de cerca de 20%.
A
expectativa de Moraes é que o número de casos aumente no próximo ano.
Ele diz que foi essa a situação que aconteceu em 2008, quando houve a
crise mundial. O número de casos cresceu consideravelmente em 2009 e
depois estabilizou nos anos seguintes. "No ano da crise, não tem novos
contratos e isso impacta aproximadamente uns dois anos na frente",
explica.
De acordo com ele, a recessão econômica tem impactado
tanto as empresas que até mesmo a decisão de iniciar uma arbitragem tem
sido postergada por motivos financeiros. Ele conta que, neste ano, teve
mais de um caso na Camarb em que as partes pediram a suspensão da
arbitragem para recolher as custas.
Na Câmara de Conciliação,
Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp, o número de casos também não aumentou
até o momento, mas os pedidos de parcelamento das custas têm sido
constantes. "Nosso regulamento prevê a possibilidade de parcelamento em
alguns casos e agora tem havido muitos pedidos", explica, Letícia Abdalla, secretária geral da câmara.
Para a advogada Selma Lemes,
especialista na área, a tendência é que haja um crescimento
considerável da arbitragem devido à crise. "Muitos contratos estão
deixando de ser cumpridos ou estão sendo revisados. Um inadimplemento em
que não haja acordo vai acabar na arbitragem."
Selma Lemes, que
desenvolve há anos uma pesquisa sobre os números de arbitragem no
Brasil, observa que o perfil das arbitragens nessa crise é diferente da
de 2008. Segundo ela, naquela ocasião, os casos eram mais relacionados a
investimento, com partes estrangeiras. Agora, ela afirma que a
discussão é mais nacional.
Ela aponta ainda que a busca pela
arbitragem tem gerado uma carência de jurisprudência na área societária.
"As empresas têm preferido levado os casos societários para a
arbitragem e não para o Judiciário. Como há a confidencialidade na
arbitragem, não se sabe como as questões estão sendo resolvidas", diz.
Ela conta que há uma discussão no momento para que trechos dessas
sentenças arbitrais sejam publicadas, sem expor as partes, criando assim
precedentes.
Paulo Macedo, especialista em
arbitragem do L.O. Baptista-SVMFA, confirma a percepção das câmaras
arbitrais: "Há um número maior de consultas e negociações prévias ao
conflito. Não é instaurada a arbitragem, mas já há a negociação".
Outro
fator para o crescimento, de acordo com ele, é o fato de existir uma
consolidação da arbitragem no Brasil, o que motivou a inserção de
cláusulas de arbitragem nos contratos.
Por Tadeu Rover
Fonte: ConJur
Por Tadeu Rover
Fonte: ConJur
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