Iniciativa positiva
Um grupo de magistrados, que integra a direção do Núcleo de Conciliação do Tribunal de Justiça do Estado, realizou, nesta quarta e quinta-feira (6 e 7), audiências públicas nas Comarcas de Monteiro e Sumé, no Cariri paraibano. A intenção foi intermediar acordos entre o Banco do Nordeste e agricultores endividados da região.
Um grupo de magistrados, que integra a direção do Núcleo de Conciliação do Tribunal de Justiça do Estado, realizou, nesta quarta e quinta-feira (6 e 7), audiências públicas nas Comarcas de Monteiro e Sumé, no Cariri paraibano. A intenção foi intermediar acordos entre o Banco do Nordeste e agricultores endividados da região.
Segundo as estatísticas das unidades judiciárias daquelas
localidades, tem aumentado consideravelmente o ingresso de ações perante
o Poder Judiciário, de pessoas com alto grau de endividamento, com suas
propriedades rurais penhoradas, em razão das dívidas contraídas junto
ao BNB.
Conforme o histórico das ações já em curso, a maioria das dívidas foi
contraída em contratos anteriores a 2006, cujo objetivo era que os
agricultores investissem na melhoria do rebanho ovino ou caprino,
recuperação de açudes em suas propriedades, plantio de capineira, dentro
outros. O objetivo das regras pactuadas era fomentar o desenvolvimento
do pequeno agricultor rural na região.
“Acontece que, segundo dispositivos das regras então em vigor, os
contratos previam a possibilidade de juros e multas sobre os empréstimos
contraídos, o que inviabilizou que o homem simples do campo, submetido
as severas intempéries do semiárido, tivesse condições de honrar com os
termos do contrato assumido”, destacou o juiz Bruno César de Azevedo,
diretor-adjunto do Núcleo de Conciliação do TJPB.
Ele acrescentou não ter restado outra alternativa ao pequeno produtor
rural submetido a tais condições, discutir a questão perante o
Judiciário. “Assim, tem-se multiplicado as ações em face do BNB, por
todo o Estado”, asseverou.
Sensível a questão social gerada em todo a Região do Semiárido, o
Governo Federal editou a Lei 12.844/2013, que prevê um abate de 50 a 85%
sobre os juros e multas das dívidas contraídas pelos agricultores em
tais situações.
Em razão da nova realidade surgida, o Núcleo de Conciliação do TJPB,
através de sua diretora-geral, a desembargadora Marias das Graças de
Morais Guedes, intermediou algumas reuniões com a diretoria do BNB na
Paraíba, para promover audiências públicas no Estado.
“Visamos esclarecer as benesses da nova legislação e intermediar
acordos, livrando os agricultores dos rigores dos contratos assumidos,
bem como evitar que tais questões se avolumassem mais ainda, perante o
Poder Judiciário”, ressalvou a desembargadora.
Com base nessa missão, os diretores adjuntos do Núcleo de
Conciliação, os magistrados Fábio Leandro, Bruno Azevedo e Antônio
Carneiro, promoveram audiências públicas nas Comarcas de Monteiro e
Sumé, que contou com a ampla participação dos pequenos agricultores da
região, do setor jurídico do BNB na Paraíba, e com a direção dos Fóruns
das Comarcas de Monteiro e Sumé, representados pela juíza Andréa
Arcoverde.
Sucesso da iniciativa – As Audiências Públicas realizadas em Monteiro
e Sumé, contaram com grande apoio de todos os envolvidos, e como
resultado, ações semelhantes devem ser esperadas em outras regiões do
Estado.
A pedido do próprio BNB, as próximas audiências públicas ocorrerão
nas Comarcas de Itaporanga e Conceição, devido ao elevado número de
ações com causas semelhantes contra o Banco. Para João da Silva Duarte,
agricultor da região de Sumé, “a possibilidade de um acordo com o Banco,
com a participação do Tribunal de Justiça, traz confiança aos pequenos
produtores para uma situação que tira o sossego do homem de bem, que
quer honrar os seus compromissos, mas que perde o sono com a sua
propriedade penhorada e o seu nome sujo na praça”.
Na opinião do juiz Antônio Carneiro, ações como essas realizadas na
Região do Cariri, aproximam a população do Judiciário, e traz uma nova
realidade para a Justiça, mostrando-se mais próxima ao povo e
sintonizada com os problemas sociais da atualidade, oferecendo outras
alternativas de solução dos conflitos, longe da via judicial, como a
conciliação, a mediação e a negociação.
De acordo com o Juiz Bruno Azevedo, as primeiras audiências públicas
realizadas pelo Núcleo de Conciliação tiveram, também, o efeito
pedagógico de ouvir diretamente os problemas da população e mostrar
outras formas de resolver os seus problemas, de maneira rápida e através
de um acordo. Onde todos ganham. Ganha o cidadão, que tem o seu
problema resolvido de forma imediata e sem os entraves da Justiça.
A diretora-geral, desembargadora Maria das Graças Guedes lembrou
também que ganha, o Poder Judiciário que não terá volume de processos
com causas que podem ser resolvidas pelas formas autocompositivas e sem
maiores custos. “Ganha a Advocacia, que terá um retorno mais imediato
para os seus clientes e ganha o País, difundindo a cultura da
Conciliação e da Mediação, como outras possibilidades, para desafogar a
via Judicial com seus já mais de 93 milhões de processos”, ressaltou.
O Juiz Fábio Leandro pontuou que essa nova forma de atuar do Poder
Judiciário, “não se limita a frieza dos gabinetes, mas que exige uma
postura proativa dos Juízes, é a esperada para a Justiça do Século XXI”.
Fonte: TJPB
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