sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Encontro Debate Cultura da Pacificação no Meio Privado

Respeito ao consumidor
Durante o I Encontro Brasileiro pela Solução Pacífica de Conflitos Empresariais, cerca de 50 empresas se reuniram para debater sobre a cultura da pacificação no meio empresarial. Criado sob medida para conscientizar o setor privado sobre os métodos adequados de solução de conflitos, o evento foi realizado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), junto ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ministério da Justiça (MJ) e Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Na abertura, compuseram a mesa de honra representantes de entidades preocupadas com a difusão dos métodos adequados de solução de conflitos, entre eles o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, que afirmou que o Brasil herdou uma cultura beligerante no que concerne a solução de controvérsias. “Contudo, essa prática tem se mostrado inviável e de alto custo para todas as partes envolvidas.

O setor empresarial é um dos mais impactados nesse cenário. A repercussão econômica disso é o retardamento na recuperação judicial dos créditos e o aumento do spread bancário, além da elevação do Custo Brasil”, informou. Também participaram da mesa de honra o Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flávio Caetano; André Gomma, membro do Comitê Gestor do Movimento pela Conciliação do CNJ; e o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, que disse estar aberto a  dividir experiências com as grandes empresas para que a cultura do consenso se implante no país.

“Avalanche” de processos
De acordo com Flávio Caetano, há uma “avalanche” de processos judiciais no Poder Judiciário brasileiro. Ele explicou que há dois grandes problemas no País: o congestionamento e a morosidade da justiça. 

“Em 2013, tramitaram 92 milhões de processos. Temos uma taxa de congestionamento de 70%, com uma média anual de 25 milhões de novos processos por ano. Além disso, um processo leva em média 10 anos na justiça”.

O secretário elogiou a iniciativa do CNJ ao estabelecer a Resolução nº 125/10, que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário.

Litígio e insatisfação
André Gomma lembrou que quem litiga no Judiciário e “ganha” a ação, nem sempre sai satisfeito. “Uma empresa que ganha de um cliente, perde o cliente. Temos que orientar e auxiliar as empresas a fazerem bom uso do sistema. Com o consumidor e as empresas ganhando, o Judiciário exerce seu papel de harmonização”, esclareceu. Para Kathy Brian, presidente e CEO do Instituto Internacional para Prevenção e Resolução de Conflitos, empresas com grande número de litígios perdem não apenas muito tempo, mas também sofrem queda no valor da própria marca. “Levam- se 20 anos para construir uma boa reputação, mas demora segundos para destruir essa boa imagem ou reputação”, afirma. 

Outra constatação de Kathy foi a de que o valor da marca corresponde a 45% das vendas, “então a reputação, a imagem e a marca são elementos extremamente importantes. Pensem sobre o impacto de uma reputação que é destruída”. PD Villareal, vice-presidente sênior de contencioso da GlaxoSmithKline, segue a mesma linha de pensamento de Kathy. Segundo ele, litígio é uma maneira terrível para pessoas inteligentes resolverem disputas. 

“Em primeiro lugar é caro, eu já estive envolvidos em casos que custaram 200 milhões de dólares, custos realmente recordes. é demorado, eu estive envolvido em casos que duraram mais de dez anos. E é totalmente destrutivo de relacionamentos, principalmente nos tempos atuais em que os relacionamentos são tão importantes para a saúde con- tinuada de empresas”, explicou. De acordo com Villareal, a grande incidência de litígios nos EUA é uma das causas do afastamento de investimentos no país. Pode-se afirmar que a regra é válida também para o Brasil. 

Fonte: Revista Resultado

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